segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

CONSELHOS

CONSELHOS Aécio Kauffmann Repara, filha, que tu és mais aceita, se estás na beca, já emperiquitada. É aparência, mas se estás desfeita, ficas de lado. Logo és desprezada. Bom dia seu. Vai de doutor ao bode. É o tratamento que bem determina o rumo certo e co'ele tu não podes errar... Se segues à risco a doutrina. Lembra-te sempre! Toda a antigüidade reclama, e sempre, pela senhoria. E não importa do cristão a idade... da intimidade, sempre, desconfia, Pois veste o lobo a pele do cordeiro Para melhor aproximar-se dele. Esconde as presas. Bale até. Matreiro! Depois... Záz. Pronto.. Mete os dentes nele. Faze das normas o teu breviário. Livro-de-bolso (bom de cabeceira) E mais, transforma-as, para o uso diário, na segurança de um par de perneiras. Perneiras???? Sim! Não vai mudar o assunto que, nestes versos, o teu pai desdobra. Onde o teu senso? Pó! Onde o bestunto? Não vês que estás num bom baile de cobras! E, quando a gente receia encontrar-se com as meninas da língua comprida, um par de botas hay que arranjar-se e, se possível, de super medida. Elas rastejam, silenciosamente! Porém alertas. Prontas para o bote. E, quando surgem, Encimando a gente! Para escapar.,meu DEUS! valha-nos sorte. Cautela, filha, vê que esta amizade te finge apenas, mas. fingindo, invoca a céus e mares a jurar lealdade., mas que anda louca p'ra fazer fofoca. Fala bem pouco. Se puderes! Nada. E nem te envolvas com as costureiras (de língua solta, cortante e afinada) que, ao menor galho, já são costumeiras, a dar no pé. No pira... e a cair fora, enquanto ficas, ba-na-no-sa-men-te.. Por isto, filha, na jogada mora. Não entra em fria quem ouve somente. O mais possível, guarda-te em defesa. Não dá! Concordo. Vai!! Mas, companheira! vai te cuidando, porque, se indefesa, ficas na quadra.! Vem-te a tchurma inteira. Maispô.! Qualé! È marcação! Bobeira! Eu não te disse que ela disse "anssim!" Ah! queridinha..., era só brincadeira! Credo! Esconjuro! Que coisa chinfrim E então tu ficas com cara de tacho. Cara de cusco que lambeu sabão. E, minha cara!, a tua cara embaixo. Niveladinha. Bem ao rés do chão. Eu exagero! Cuida lá vizinha, Que rimo apenas co'a dura verdade. E não te guardes destas amiguinhas! Logo te estrepas.. Ficas na saudade. E, no terreno da competição..! Aí te digo! Bah! A coisa engrossa! Dormes no ponto e já acordas no chão. É um vale-tudo. Uma pauleira ! Nossa!!!! Algumas outras são tão delicadas. Parecem lírios num igarapé. Cautela, filha!. que há minas na estrada... E água parada às vezes não dá pé Mas não te encuques... São coisas do mundo, que ninguém muda. Ninguém muda não, E a gente, às vezes, se esborracha fundo, mesmo sabendo onde as pedras "tão" Mundo baixeza e que nos envergonha, mas que enrijece e que nos dá valor, se as malhas vis da infâmia e da peçonha, ao que, por nobre, emprestamos cor. Mundo de Neros que estão sempre em cena (foi-se o respeito. foram-se os limites). E, hoje, o medíocre está, em meio à arena, a ornejar, buscando quem o imite, na pretensão insossa de que fala co'a sensatez de um novo Petronilho. E, assim, vai sem cor, nem mesmo brilho... -capacho triste do qual se trescala- fétido olor das almas deste porte. Tão convencido que não vê mais nada. Perdido o rumo pelo aplauso forte destes sabujos de beira-de-estrada, que usando, a estro, a bajulice grossa fazem-no crer, de fulgurante aspecto, mesmo que o gajo já mereça e possa ser, de uma vez, falso, abjeto e infecto. Faze do horário santa obediência. Dos boletins... Teu pão de cada dia. Se sais ou entras.. dá logo ciência Senão... te enrolas. Entras numa fria!!! Cuida que as ordens sejam sempre ouvidas por mais de uma ou uma em quem confies. Cuida, também, que sejam transmitidas a tempo e à hora. E, filha! Não te fies nestas promessas do depois, que a boca nunca repete o mesmo trecho. E é certo que se não pões bem cedo a tua touca, bem cedo carambolarás... decerto. Escreve sempre. Estão aí as penas. pois que o grafado não se perde e fica a resguardar-te. e a evitar-te as cenas desagradáveis. Dou-te agora as dicas.. Do fez não fez. Do foi não foi. Do disse. Nestas questões, nem a razão sustenta a mão mais fraca. Salvo se o teu disse esteja escrito. Porque aí se agüenta. Se leva a ferro, a fogo e até no grito. No peito mesmo. Vai-se até às fuças. Mas, minha cara!, se não há escritos.... Fica na tua, que a coisa está ruça. Vai com cautela e, em cada novo encontro, cuida os ouvidos. A língua?...Sumiço! Cuida da carga e evita o tal desconto, pois que isto sempre vem causar enguiço. Todo o respeito no tratar o alheio e aprende d'arte de viver, a glória de engolir sapos sem qualquer recheio. E, aqui, querida, se repete a história, Nos temas tidos como mui verazes e encontradiços hodiernamente, que assustam mesmo qüeras mais audazes, que se descuram antes de ir, em frente, a enfrentar a selva empedernida, o mundo torpe em seu cotidiano E já que, em volta, tudo é vida... Envida por apreender-me, pois que eu não te engano. Tu em ti mesma. Já não sei se entendes. Falo mais claro. Sê, tu mesma, um túmulo. E ai! se tu cedes. Logo te arrependes e cedo aprendes que esta vida é um cúmulo de vilanias, traições, cinismos. Onde a verdade se profere à medo que a todos causa o farisaísmo. (Medo à mentira, que é o horror mais tredo.). destas comadres, que de si tão cheias. de tudo sabem. menos o que são.. E que vomitam ditos a mancheias nos quais,nem elas, acreditam não. Mas vamos lá aos temas, que ainda há pouco me referi apenas de passagem. Aí então já te perguntas Louco!!! ficou meu pai? Perdeu-se na engrenagem? ................................................... Há quem capaz do dedo, na balança, pousar, de leve, sem que alguém o veja, a retirar do quilo a confiança inda que mesmo por dez gramas seja; há quem capaz de discutir, irado, o troco certo que alguém lhe deu mesmo sabendo, que, dos dois, é o errado, que a culpa é sua e que o erro é seu; há quem capaz de se estender em tese, que desconhece, e com alento e graça. e mais, fazendo com o que diz pese e, de tal sorte, que lhe rendam praça; há quem capaz de censurar violento seu subalterno, e por bobeada sua, depois, perdoá-lo, quando é seu intento mandá-lo, breve, para o olho-da-rua; há quem capaz de se esquivar da obra que é toda sua e que não urge ajuda e ainda capaz de, co'aquela manobra, fazer que alguém, pressuroso, lhe acuda; há quem capaz de prometer alhures, mundos e fundos e sobre qualquer coisa e não lembrar, quando cobrado, algures, e ainda jurar sobre uma fria loisa; há quem capaz de soluçar, dorido, com ais profundos e tão comoventes, por uma dor que lhe não faz sentido, por uma dor que, nem de leve, sente; há quem capaz de fazer com que digam "que exemplo raro de amor ao trabalho" e assim,dizendo, muito tempo sigam a confundir entre o que alius e alho; há quem capaz de parecer alheio ao que se transa e ao seu redor se passa, mas de olho-vivo e já, buscando um meio de entrar no bolo e por a mão na massa; há quem capaz de enaltecer bugios ou sacripanta que lhe cause engulhos e mais, capaz de ao ser chamado em brios, dobrar a espinha sem quebrar o orgulho; há quem capaz de muito mais... Se há de.... Por isto filha. nada de emoção que cega à gente p'ra realidade e faz-nos cegos a voz da razão Eu reconheço que carrego as cores; que forço um pouco estes meus conceitos, mas. esta é a vida... Nua e sem pudores. Lavado o rosto. Cabelos desfeitos. Mas... Este é o mas aqui da minha história... Podes vestí-la e dar-lhe cor e brilho. Mesmo escoimá-la do que é bruto. Escória. Usando a estro, como a um escardilho, tua vontade e a intuição, serenas... O livre-arbítrio e a razão enfim, p'ra separar o inço das verbenas; p'ra distinguir o honrado do malsim. P'ra burilar, na pedra, que, ainda bruta, intues... oculta, medrosa, um clarão. Para vencer-te, na escalada abrupta, que é dominar em ti toda a paixão. Isto requer de ti muito trabalho -uma das Leis de ser-se. A condição. Nele a maneira, nele a rota, o malho com que forjamos a nossa evolução. Trabalho duro, tão árduo e incessante, que até parece, às vezes, punição, tais as sofrenças que nos são constantes. Mas veja bem! Trabalho é o aguilhão que impulsiona e nos impele a luta. O lenitivo de todas as dores. Conforto e alento no ardor da disputa e o corretivo de todos os temores. Seja qual for o lance teu, querida. tem os Conselhos, sempre bem a mão. Não custa nada uma pequena lida, antes que tomes qualquer decisão. P'ra. arrematar, que já se esgota, agora, o tema, a tese e o ponto em digressão, dá tempo ao tempo, que p'ra tudo há hora, e evita, sempre, toda a discussão. Não falo destas discussões que buscam equacionar em prol do bem comum, mas sim daquelas que a razão ofuscam e que não levam a lugar algum. O brincalhão que , ao ar, revoluteia, está por dentro e só quer provocar a discussão que, quando desnorteia, abre caminho p'ro qüera acampar. E aí tem abaixa!! que vem chumbo-grosso, num palavrório de fazer corar frades-de-pedra e, isto é só um começo, do que acompanha.... do que vai chegar. Só mais um mate e já com o pé no estribo mais uma linha só p'ra suplicar aos irmãozinhos de estrada ou de tribo que te acompanhem no jornadear, pois, garimpando nos rios da vida, tu sentirás o peso da bateia. Verás, sangrando, por calhaus feridas, as mãos que buscam grãos de luz na areia. Vô Caburé

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Hotmail - aeciokauffmann@hotmail.com

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AssociaçãoInternacionalPoetasdelMundo: 07-12 DIVULGANDO POETAS DEL MUNDO -

AssociaçãoInternacionalPoetasdelMundo: 07-12 DIVULGANDO POETAS DEL MUNDO -

Carta ao MAJOR HEITOR AQUINO FERREIRA

Amiga. Para que entendas que amigos maiúsculos ,em que pese ,as suas diferenças ideológicas não se acovardam com o que se possa pensar a respeito da amizade que os une, E depois eu não gostaria, que em momento algum tu tivesses dúvida quanto a correção de minhas atitudes. Por outro lado ,podes perceber há muita,honra e respeito entre adversários . Beijos. Aécio, Meu caro Heitor. Estas coisas da correspondência entre águias e pardais têm sempre uma conotação interessante por questões de decibéis. É a diferença das "vozes". É o desequilíbrio do peso. É a diferença das alturas de vôo e o conseqüente descortino do panorama subjacente. O pardal, falador, rala o bico de tanto não dizer nada enquanto que a amiga águia, do alto da sua posição, é lacônica dizendo tudo. . Dizem que para bom pardal meio arrastar de penas basta e eu que me considero dos melhores de origem portuguesa,recebi sensibilizado a presença do amigo, que não esqueceu as minhas preferências, na atenção das encomendas que já estão devidamente posicionadas para a leitura e estudo. Mas, e há sempre um mas em toda a história que se preza.. ... Junto com os livros vieram alguns retratos e com eles começaram os meus problemas... Distribuí alguns deles aos advogados que usam o cartório onde trabalho e, subitamente, me vi envolvido com uma campanha de colocação (,para usar um termo mais caseiro,) de retratos do Presidente em todas as escolas do município , campanha esta que tem como "patronesse" a Presidente do Diretório Feminino da Arena. . E agora José!!!! Digo. . E agora Heitor! Suíço em férias nesta Caxias do Sul já começo a experimenta o calor das pichações. . Dizem até que eu vendi o meu passe e "otras cositas mas" tão ao gosto daqueles que não conhecem a história de Cícero. Mas e os retratos? Ah! Sim.! Pelo jeito vou ter que voltar a incomodá-lo pedindo, ou melhor, reforçando o pedido que já fiz e por telefone, ao Vargas, que não conheço, mas que foi, nas oportunidades em que nos falamos, de uma solicitude de "gentleman", mas que, por um motivo ou outro esqueceu e me deixou, pardal, cantando em cima do galho. . Atende ao pedido, tchê, pois estou piando fino em terra onde sabe bem uma passarinhada. Fraternalmente. Aécio.

Não dá mais pra segurar

Ensarilhar Armas. Chega-me as mãos um artigo de respeitado Oficial Superior das Forças Armadas que, hoje, defende com suor e lágrimas “aquelas nossas encanecidas posições”. É “evidente que” a conversão, a estas alturas do campeonato, já não me surpreende, contudo se me debruço mais na dissecação do articulista do que propriamente na absorção dos conceitos, buscando “sentir firmeza”. E mais do que evidente a posição escrita do signatário, e conforta-me, a leitura das três primeiras páginas, quando o caro escriba faz uma interessante incursão sobre o Brasil e a luta pela demarcação de suas fronteiras. Todavia, na página quatro, o companheiro faz algumas observações sobre " postura ideológica", quando, após referir-se ao marxismo-leninismo, socialismo, social democracia, neoliberalismo (aparente!!!) deixa-me bastante claro que estou diante de um autêntico LIBERAL. Tudo bem...! estamos aí, fazendo de contas que ele está absolutamente certo, a fim de que não sejamos apontados como os canais condutores da ruptura, que se avizinha, que é - e tomara que eu esteja errado - eminente e para gáudio dos Novos baianos, quero dizer dos Novos Romanos. É .... Tudo bem..., Mas logo ali, na página 5, outra pérola. Agora um apossamento. Um plágio eu diria , que está a merecer uma Ação para pagamento de Direitos Autorais... ... A referência ao entreguismo - que nos custou, por denunciá-lo, a todos ... a carreira e......., para alguns,....... a vida. Naquela época, “a voz escrita” do articulista não estava empostada com este afã patriótico, mas sim afinada ao coral ENTREGUISTA, que gregorianamente bradava .... COMUNISTAS, COMUNISTAS... Mas, ainda assim, vá lá! Tudo numa boa.!!!! Perdoai-os, oh Pai, porque eles pensam que sabem o que dizem !!! Mais adiante, ainda desviscerando o articulista, o meu coração pulsa um pouco mais agitado, quando quero ler: compromissos estranhos... e prejudiciais à Pátria... Aí eu me devolvo a ROBORÉ, VASCHANG, ORQUIMA, ENERGIA ATÔMICA (O INQUÉRITO DO TIO TÁVORA) ao ACORDO MILITAR e tantos outros compromissos que à época, nos pareciam a nós, bastante estranhos, mas não aos que hoje “defendem” aquelas nossas “velhas posições”, pois as sustentavam com argumentação sobrante e estribada num calhamaço de publicações financiadas pelos “IBAD” da vida... E o Tio Heitor Aquino Ferreira bem sabe que não exagero nem um pouquinho. E está ,vivo para me confirmar.. Mas, tudo bem.!! Vamos segurar as pontas, pois se nos parece que os companheiros estão um pouco confundidos. Ah!!! a que nào pode uma excelente mídia!!!.. . Temos qüeras já se eminhocando e, com o perdão da má palavra, se emprenhando pelos ouvidos...Ali adiante outro joelhaço nas minhas partes pudendas.... Uma conclamação ao povo .... um repto à ação... Uma lembrança amarga ao espinhoso da jornada e a feliz ou infeliz constatação de que a BATALHA MAL COMEÇOU.... Mas gente, pelas barbas do profeta, se a batalha mal começou, e a “MORAL” já está deste jeito...! A lá grã cria.!!!!. Como podes perceber, o xiru, que respeito pela sua antiga posição, está a mudar de ares ou talvez, do alto dos seus alfarrábios escolares de alto coturno, desinformado, imaginando que somos todos um bando desvairado de ignorantes bestas, posto que ainda está, não aguardando, mas acreditando (se bem que haja quem acredite em Papai Noel, ainda...) nestas” lideranças ocultas”que pretendem , na marra, mudar o panorama atual . O que se lhe pode desculpar, pois acreditou em tantas outras coisas.... E nós temos que posar como vaquinhas conscientes no presépio nacional que está sendo montado e com muito esmero e inteligência, balançando, ainda que contrafeitos e constrangidos, as nossas insignificantes cabeças. Ruminando as nossas incertezas com respeito à sinceridade deles. Está se esquecendo o digno companheiro... a la fresca! , que o quente da marca, chegando ao couro, só arde quando é na gente , só dói, quando a gente é o touro.!!!! TUDO BEM, afinal de contas “engolir sapos sem qualquer recheio” tem sido a minha, tem sido a posição dos meus pares ,ditos revanchistas, esquerda nojenta e traidora e etç.... TUDO BEM.... !!. Tudo, na correspondência é Miranda. Nada é Credenda... E ,sem talvez perceber ,que na outra ponta da linha o dégas aqui estava de plantão, discorre sobre o Sérgio Macaco, sem conhecer o episódio que levou o Brigadeiro Eduardo Gomes a dirigir carta ao Gen. Geisel, esta que está publicada nos Anais do Congresso e na qual o estimado amigo mostrava quem era Burnier et caterva e quem era Sérgio. Mas, pr’a sepultar a minha “frescura” e IN DEFINITIVUS, chega-me, agora, às mãos a última (pelo menos que eu conheça) manifestação de aguerrido companheiro. O documento que ,mutatis mutandi, serve-lhe, (como contraditório) como atestado de, no mínimo, falta de habilidade política (e não me digam que é apenas um soldado e não político ... pois eu teria que redargüir com um ditado da casa ..., “quem não tem competência que não se estabeleça”) é daqueles que desestrutura qualquer Rambo 3º mundista. Incapacita qualquer avestruz para uma digestão equilibrada, tais os destemperos de linguagem empregados para adjetivar a refeição que se nos querem empurrar goela abaixo.... E aí, meu caro, só me resta, como na canção do Gonzaguinha, repetir “explode coração... não dá mais p’ra segurar”. Aecio Kauffmann Cav.Aman.54.

O PERNINHA

O perninha. (Rascunho) Quando da promoção ao 2° ano da Academia Militar das Agulhas Negras eu me vi às voltas com um sério problema. A escolha da arma. Como todos estão carecas de saber, há algumas condicionantes que são absolutamente necessárias e que definem ou interferem de um modo tão incisivo no processo de escolha do quera, pois, daí por diante, lhe vão regrar, não o comportamento no final da semana, mas sim o de toda a sua vida. E eis-me, “piru” de Artilharia e com nota suficiente para escolher, dividido entre o meu feitio artilheiral e os meus mais chegados companheiros de três anos lá na velha EsPPA. Sapucaia, Carlos Caminha de Moura, Fanueli, Holleben, Kraemer, Fábrega e Mota. Havia, também, um maior número de unidades de cavalaria no sul, em relação aos aquartelamentos das outras armas, e com isto eu teria sempre mais oportunidade de servir no Rio Grande do Sul onde residiam os familiares da minha namorada esparramados por São Francisco de Assis, São Borja, Alegrete, Itaqui, Santana, Santa Maria e Bagé. Grau eu tinha..... e então nem pensar. Lá me fui aos beiçudos, mas sem ter maiores noções sobre o nobre amigo, a não ser aquelas que eu haurira através dos seriados domingueiros, com as lições do Tom Mix, do Buck Jones ou do Zorro lá no Cine Ramos. A turma era pequena. A maioria formada por gaúchos que, como sempre, agarrados ao chá-de-canudo, cantavam e contavam as suas estripulias pelos pampas. Eu, enturmado, só escutava sentindo, pelo jeito, que tinha amarrado mal o meu cavalo. Entre a instalação na Ala da Cavalaria e os primeiros dias de instrução, tudo numa boa... Contudo, quando ponteou no horizonte aeciano o negocio de montar, a coisa pintou bem diferente. Não era tão fácil quanto eu esperava. E não era mesmo. Acho que para cada momento montado, eu podia contar com uns cinco no chão. Mas agüentei o repuxo e sai com um “R” naquele sub grupo. O próximo subgrupo era denominado volteio e, quando me explicaram do que se tratava ,eu cheguei a pensar em deserção... Tô falando serio, meu!! Ponhas-te no meu lugar. Um xiru que o mais próximo que tinha chegado a este tipo de movimentos e de parceria com um cavalo, tinha sido num circo meio “chiquê” lá em São Cristóvão e como espectador. Aqui.... nem o cavalo de Ogum vai me dar moleza e eu acho que o meu Anjo da guarda pede licença prêmio e se manda. Reforcei, no fim de semana, as doses de chá de meliz, agregando passiflora e umas duas injeções de succil na veia e me senti mais animado para enfrentar o desastre que se avizinhava, com os raios e trovões a que eu tinha direito. Naquele dia eu estava com a moral lá no dedão, mas compareci a instrução. A turma assanhada e louca p’ra demonstrar os seus atributos de cavalarianos se jogou na piruação e eu acabei ficando p’ro fim. O assistir o desempenho dos colegas animou-me um pouco, pois quase todos se atrapalhavam em ou outro movimento e se vinham ao chão. E este movimento era meu velho conhecido. Chão era comigo mesmo. Estas falando com o próprio..... Cadete 15... É.... era comigo mesmo que o Ten. João Ignácio estava falando. E eu me fui ao que,supunha ,seria o maior achincalhamento de um ser humano. Amarrado a uma corda compridona, que a gauchada da turma teimava em chamar por um nome parecido com “sogra”, um rinoceronte fantasiado de cavalo, se movia arrogantemente em círculos, com passadas lentas e (eu acho que ele tinha isto de cor) a cabeça orgulhosa e fungando. O impressionante, ao menos para mim, é que, em todas as voltas, ele circulava do mesmo jeito, com a mesma postura e, sempre a fungar, perfazia os círculos quase no mesmo tempo. Não estava nem aí..... A sela lembrava uma cadeira de namorar com os braços, que me pareciam dois argolões gigantes (deviam ser criados a Toddy) e mais nada. Acho que levei uma duas voltas para me desestupefatizar e me fui às argolas, imitando a pegada dos que me tinham antecedido. E orra tchê!!! O impulso foi exagerado, pois passei por cima da sela, fui ao outro lado e, quando voltei,me enganchei, e bem, no assento duro. Eu não acreditava que tinha feito aquilo e com tanta facilidade que passaria a tarde toda de um lado p’ro outro. Estava exultante e inebriado comigo mesmo, sorvendo o doce néctar da minha vitória. Silêncio na galeria e, quebrando-o, a voz de locutor da Rádio Nacional do 1°Ten.João Ignácio faz com que a animação pare e eu desça e desfile como um Cezar entrando em Roma, por entre os embasbacados companheiros d’armas. Eles não podiam acreditar que aquele perna de pau do 211 fizera aquilo..... E o pior e que nem eu sabia o que havia acontecido. Eu era “bão em volteio” e não sabia. Evidente que, com isto, entrei na lista dos peixes negativos do Cap.Mussoi, do Cap. Lucinger Bulcão Viana e do Maj. Fragomeni, pois nunca entenderam. o acontecimento. Tanto é verdade que no episodio de meu desligamento da Aman, o meu conceito era de “indesejável ao Curso de Cavalaria”. Crózeeees!!!!!! Fui até penalizado com um licenciamento sustado, por mentir a respeito da minha experiência eqüina. Bem que eu tentei entender a má vontade gratuita, mas não consegui encontrar razões para um raciocínio lógico e não me preocupei mais com o fato. Os tenentes João Ignácio e Dario Bomfiglio, de certa forma me deram muito apoio, pois se lhes intuía, talvez, que eu não mentira. Tanto que, na festa da cavalaria do meu 3°ano um deles, não me lembro mais qual, me indicou para ser o homem, que a frente de um grupo de cavaleiros, e a galope, era atingido por um tiro inimigo e despencava-se do animal em movimento. A coisa toda iria morrer por aí, mas acabei sendo desligado da Aman,quando faltavam quatorze dias para o Aspirantado,retornando a Academia e declarado Aspirante os 08 de agosto de 1954. Fui então,, apresentado ao Exmo. Ministro de Estado e Negócios da Guerra General Ex. Zenóbio da Costa. Ao findar-se a cerimônia S.Excia segurou-me pelo braço e, paternalmente, disse-me o seguinte: Aspirante Aécio (esse era o nome pelo qual eu era conhecido na família e entre os mais íntimos. Kauffmann era para uso militar) tendo em vista os transtornos que lhe causaram algumas descabidas acusações, o “seu ministro” vai lhe permitir que escolha a unidade em que deseja servir. P’ra ser bem honesto, assim de saída, eu não percebi bem o oferecimento e redargúi: V.Excia. disse que eu posso escolher a unidade de cavalaria em que desejo servir!!!! Exatamente, respondeu-me o Ministro. Meio confuso eu ainda, “testavilhante”, perguntei. Posso solicitar a minha classificação no Regimento de Cavalaria de Guardas. Volta-se então S.Excia. para um dos oficiais e determina que se comunique ao DGP que o Aspirante Aécio deveria ser classificado no 1° RCG, por determinação do Ministro da Guerra. Dest’arte o 211 estava sendo incluído no Quadro Efetivo dos Dragões da Independência (o aquário). Após, e já no RCG, as apresentações de praxe o Cel.Enio da Cunha Garcia, comandante da unidade determina que me seja dada como montaria para os exercícios diários o animal destinado ao Gen Souza Dantas quando do desfile de Sete de Setembro. Outrossim, determinou que se me destinassem o Baio n° 06(animal símbolo da unidade e que representava o cavalo montado pelo Mal.Deodoro da Fonseca, quando da Proclamação da Republica) ,designando um oficial para instruir-me quanto ao uso das alimárias. O baio ruano seria a minha montada quando do desfile em comemoração ao Sete de Setembro e nos treinamentos para a ocasião. As diferenças eram gritantes. Assim como de um Fusquinha para uma BMW e isto quanto ao animal destinado ao uso diário. Quanto ao animal de desfile não há termos de comparação, pois o baio ruano de crinas branquíssimas era graduado, pós-graduado e outras picardias em Alta Escola e treinado pelos “esporas-de-ouro” do 1°RCG. A grande recomendação era “que eu apenas montasse e cingindo rédeas falsas deixasse que o baio desfilasse”. comandado pelos sons emitidos pela fanfarra do regimento. Dos 32 companheiros da Turma de 08 de maio eu acredito que alguns conheciam do meu montar, mas e os outros...... Quem me observava a montar o animal de uso diário nos exercícios lá na Quinta da Boa Vista ou no Campo de São Cristóvão só podia ver um cavaleiro conduzindo a sua alimária, com bastante habilidade, mas não podiam adivinhar do quão dócil e treinadérrimo era o meu conduzido. Gente! Eu estava a montar o cavalo com o qual o General se apresentava em desfiles. A montaria lembrava um percherron tupiniquim, tal o seu tamanho em relação aos demais animais do regimento e aquilo impressionava os que nos assistiam. E eu, sobre aquele sofá-balanço ia contabilizando..... E durante muitos anos, sempre me mantive quieto e quando me perguntavam sobre as minhas qualidades de equitador eu dava um jeito de desviar o assunto, mas “não afirmava e nem negava, antes pelo contrário.”. Aí chegou o dia do desfile....... E foi aquele banho. A minha montaria só não dava quarenta passos num só ladrilho, como num tango, pois não “hablava” espanhol” e preferia samba de raiz, mas fez o que eu podia imaginar que fizesse e mais uns, de inhapa, (que levaram a assistência quase ao delírio) sem a menor preocupação comigo. E o mais impressionante. Ele não me desequilibrava. Pelo contrário, o animal, pelo seu comportamento, me impunha um posicionamento sobre ele, a altura do seu porte e da sua exibição. Depois disto o que é que eu podia dizer para o meu eleitorado. TO BE CONTINUED Será que o Kauffmann fez um Curso de Equitação por correspondência ? Há suspeitas sobre as suas idas, todos os dias e à noite ao centro de Resende... Quem sabe ele se matriculara num Art.99 para Cavalaria. Investigações mais aprofundadas levam-nos a crer, que, em um "contato imediato de 5° grau”, ele tenha sido abduzido por alienígenas que, colocaram, no garoto, "um chip" contendo todas as instruções do Mestre Manoel (Manoel Carlos de Andrade) Picador da Picaria Real de Sua Majestade Fidelíssima o Senhor Dom João, Príncipe do Brasil. Outros investigadores, que teem evidente má vontade com o 211, atribuem o acontecimento a uma incorporação do Caboclo Sem Pé Tia de Aracaju (que montava pacas) já que o menino mantinha fortes ligações com a área de atuação dos Cavaleiros da Sublime Ordem de Parada de Lucas e outras paróquias. Outros, mais ferinos, acham que ele, no dia dos acontecimentos relativos "ao volteio", estava mesmo era de porre. Acompanhem, no próximo capitulo o desenrolar desta novela.